segunda-feira, 22 de junho de 2009

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Jornal Público - "Uma ópera em construção"



Na produção de Let's Make an Opera!, que hoje se estreia na Gulbenkian, o ambiente doméstico oitocentista que deu origem à famosa ópera para crianças de Benjamin Britten é transportado para uma escola do século XXI.

Como se faz uma ópera? A pergunta é simples e breve, mas a resposta é longa e diverge por muitos caminhos. Mas é também fascinante, sobretudo quando podemos participar no processo. A ideia já estava implícita quando o grande compositor britânico Benjamin Britten (1913-1976) criou em 1949 Let's Make an Opera! - An Entertainment for Young People (Vamos fazer uma ópera! - Um entretenimento para jovens), uma obra com libreto de Eric Cozier que coloca em cena uma família cujas crianças, sem nada para fazer durante as férias, decidem montar uma ópera intitulada The Little Sweep (O Pequeno Limpa-Chaminés).

O actor e encenador Paulo Matos foi mais longe e realizou uma versão portuguesa com um novo texto teatral que coloca a acção inicial numa escola do século XXI. Integrado no projecto Descobrir - Programa Gulbenkian Educação para a Cultura, o espectáculo estreia hoje, às 20h00, no Grande Auditório Gulbenkian e ficará em cena até dia 30. A direcção musical é de Osvaldo Ferreira e o elenco envolve 37 crianças e jovens, além de vários cantores profissionais.

A maior parte das crianças gosta de desmontar os brinquedos para ver como são feitos. Em larga escala e num processo inverso, pois aqui trata-se de construir, há um paralelo dessa atitude nesta encenação. "O projecto original de Britten tem um cariz pedagógico e essa intenção mantém-se", disse Paulo Matos ao P2 no intervalo de um dos ensaios. "O ponto de partida é desnudar, desmontar e mostrar a maneira de construir um espectáculo destes, com o público a assistir a todas as etapas." O encenador, que já tinha concebido uma outra versão da peça no âmbito da Lisboa 94-Capital Europeia da Cultura, decidiu trocar o ambiente doméstico original e transportar a acção para uma escola do século XXI. "Britten não desenvolveu a ideia de modo inteiramente explícito, havia apenas uma intenção geral. Hoje, o lugar por excelência na sociedade onde o jovem tem possibilidades de desenvolver um projecto artístico interdisciplinar é a escola. Resolvi criar um ambiente escolar contemporâneo para o mal e para o bem, pois isso comporta um espectáculo muito trabalhoso e sempre à beira de algum caos. A maior parte da peça mostra trinta e muitas crianças a funcionar em turma e muitas vezes em algazarra."

O professor Ricardo

É dentro dessa escola que nasce a ideia de criar um projecto artístico que tem o contributo de todos os seus elementos (professores e alunos). "Até o maestro Osvaldo Ferreira vai participar!", diz Paulo Matos. "Ele é o professor Ricardo, o professor de Informática que estudou música que será convidado a ser o compositor da ópera." Não é a primeira vez que Osvaldo Ferreira pisa um palco como actor. "Já é a terceira vez que o Paulo me obriga! Começou com a História do Soldado, de Stravinsky, e na ópera O Empresário, de Mozart, fez um texto divertidíssimo para mim", diz o maestro. "Se ele continuar a oferecer-me emprego muitas vezes, um destes dias ainda troco a música pelo teatro!", ironiza.

Paulo Matos diz que quis transformar o espectáculo numa construção ao vivo. "Vemos formar-se o grupo da escrita, o grupo da composição, o grupo da investigação, os cenários começarem a aparecer, as paredes a rodar e a mostrar a outra face, martelam-se lareiras, provam-se figurinos, fazem-se ensaios musicais, até que, de repente, a ópera começa porque já está pronta."

A acção da ópera propriamente dita, O Limpa-Chaminés, é mantida no século XIX, levando assim os alunos a fazer pesquisa histórica. Esta conta-nos a história do pequeno Sam (João na versão portuguesa), um miúdo que é obrigado a trabalhar aos nove anos, depois de ter sido vendido pelo pai aos limpa-chaminés. Um dia fica preso na chaminé na casa de uma família (na versão original é a mesma família que vemos na primeira parte do espectáculo), que o ajuda a libertar-se de uma vida de escravidão.

No texto teatral que escreveu, Paulo Matos criou também um paralelo com esta situação. "Na pesquisa das razões dramatúrgicas pensei muitas vezes: como é que dentro de uma escola contemporânea se havia de criar uma história à volta de um limpa-chaminés? Então lembrei-me que podia surgir uma criança excluída da escola - como temos tantas; infelizmente, os últimos números indicam um alarmante abandono escolar no 9.º ano - e maltratada pela família." Uma noite, essa criança entra na escola talvez para roubar comida ou dormir num cantinho e fica presa nas condutas do ar. O encenador explica que a situação permite até construir uma cena de chamamento dentro da conduta com um trecho musical de Britten igual ao que se ouve depois na ópera, quando João fica preso na chaminé.

37 crianças

No que diz respeito à selecção dos intérpretes, o trabalho começou há vários meses, quando foi lançado o desafio às escolas de música de Lisboa. Das dezenas de crianças ouvidas em audição foram seleccionadas 37. Nos primeiros ensaios procedeu-se à escolha dos melhores protagonistas para a ópera e numa outra fase os maestros Victor Paiva (responsável pelo coro) e Osvaldo Ferreira iniciaram a preparação musical. Os participantes têm idades que oscilam entre os 8 e os 17 anos e para as personagens principais da ópera há três elencos. Os papéis dos adultos são feitos por cantores profissonais (Sónia Alcobaça, Maria Luísa de Freitas, Luísa Barriga, Luís Rodrigues, João Queirós, entre outros) e a componente instrumental é assegurada por jovens músicos, vários deles em início de carreira.

"Num projecto destes, sobretudo quando reconhecemos que há algum talento, é triste para algumas das crianças verem os outros fazer os papéis principais e eles não terem essa oportunidade. Daí que arranjámos espaço para três elencos", explica Osvaldo Ferreira. "É importante que todos sintam o que é estar em cima do palco e a dificuldade e responsabilidade que isso implica. Mas o mais importante no projecto não é o número de linhas que as crianças cantam ou o número de frases que dizem, mas a experiência." Osvaldo Ferreira elogia ainda a audácia de Paulo Matos na criação de uma parte teatral "muito complexa e trabalhosa", onde se correm "riscos enormes" devido à quantidade de pessoas em palco.

A peça de Britten prevê também momentos em que o público (crianças e adultos) se possa juntar ao coro da ópera e entoar algumas das canções. Os textos e partituras encontram-se disponíveis no site da Gulbenkian, mas no momento do espectáculo haverá oportunidade de as aprender. "Durante a parte teatral há um momento em que o professor já passou para a função de maestro e ensaia com o público as canções, cujas letras serão projectadas num ecrã", explica Paulo Matos. "Na minha outra experiência, em 94, nem todo o público cantou. Mas há sempre uma parte que traz as canções preparadas e outra que é contaminada na altura. Cria-se então um ambiente mágico. É a sensação de que cada um também faz parte do espectáculo."

Osvaldo Ferreira considera Let's Make an Opera uma "criação muito feliz" de Britten, compositor que dedicou uma importante parte da sua produção às crianças, jovens e músicos amadores. "As melodias e outros recursos chegam muito perto do imaginário das crianças. É, por exemplo, o caso da Canção do Marinheiro. A peça tem momentos muito divertidos mas também líricos no sentido mais terno, como a canção da noite. E as correrias e as pantomimas que servem de ligação entre as cenas têm até um pouquinho de linguagem cinematográfica."

O maestro refere que Britten fez questão de introduzir alguns ritmos mais difíceis com um intuito pedagógico, por exemplo passagens em compasso de cinco por quatro, com a intenção de obrigar os jovens a trabalhar ritmos que não são o tradicional quaternário ou ternário. Os solistas têm também os seus momentos de dificuldade. "Britten não quis dar tudo de mão beijada e procura desenvolver as capacidades musicais dos participantes. Eu tenho insistido para que eles façam tudo com o maior rigor, mas temos de ter a consciência de que não são profissionais. A intenção é fazer o melhor possível."

Também a instrumentação é muito original, incluindo quarteto de cordas, piano a quatro mãos e percussão. "Foi escolhida por razões práticas, já que é uma orquestra descartável bastante fácil de obter. A obra pode ser feita num auditório ou pequeno auditório ou mesmo numa sala pequenina sem fosso. Funciona muito bem, pois a música está muito bem escrita e a peça tem todos os condimentos para resultar num óptimo espectáculo."

Texto: Cristina Fernandes

in Jornal Público 19 de Junho de 2009

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quinta-feira, 11 de junho de 2009

Fazer uma ópera numa escola do século XXI


Criado por Benjamin Britten, no final dos anos 40, o projecto Let’s Make an Opera (com libreto de Eric Crozier) propõe-se fazer da construção de uma ópera o próprio espectáculo. Originalmente, tal como foi concebido por Britten, o espectáculo apresenta na primeira parte uma peça de teatro habitada por uma família cujas crianças decidem construir uma ópera. Chamam-lhe The Little Sweep (O Pequeno Limpa-Chaminés) e a acção decorre no século XIX. Toda a primeira parte do espectáculo, ocupada pela escrita e pelos ensaios das crianças, é uma preparação do que vem a seguir, quando a ópera é então posta em cena. O libreto conta a história do pequeno Sam (João, na versão portuguesa), que é obrigado a trabalhar aos nove anos, vendido pelo pai aos limpa-chaminés e por eles explorado. O seu destino parece traçado até que um dia fica preso na chaminé da casa onde vive a família que conhecemos na primeira parte do espectáculo. As crianças descobrem Sam e resolvem libertá-lo de uma vida de escravidão. Dão-lhe banho, alimentam-no e ajudam-no a fugir.

Pode dizer-se que "Vamos Fazer uma Ópera – Um Entretenimento para Jovens", com estreia a 19 de Junho no Grande Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian, é um espectáculo "completo". Tem teatro, tem música, tem ópera. No elenco tem crianças e adultos, tem solistas e coro, e mesmo o público é convidado a participar.

A nova versão portuguesa (com três actos) de
Let’s Make an Opera, embora fiel à ópera, integra um novo conceito: o encenador Paulo Matos, que já tinha montado este espectáculo nos anos 90, quis tornar a primeira parte muito mais abrangente e acentuar-lhe a importância. De uma casa particular, a acção passa para uma escola básica contemporânea, onde alunos e professores se propõem construir uma ópera. Mas Paulo Matos foi mais longe. "Procurei estabelecer um paralelo entre a primeira e a segunda parte do espectáculo, introduzindo na escola uma criança que também é vítima de exploração infantil, tal como o pequeno limpa-chaminés na ópera", explica o encenador. É assim que surge o João, um menor marginalizado, que se infiltra na escola com a intenção de roubar alguma coisa de valor o pai exige-lhe que leve dinheiro para casa, mas que ali procura também um lugar onde possa dormir e abrigar-se do frio. É descoberto pelos alunos da escola, que acabam por acolher com grande entusiasmo o novo colega. A sua salvação chega através de um projecto artístico que o integra na escola e que lhe dá a oportunidade de ser criativo e de brincar, com a mesma liberdade que têm as outras crianças. Vão construir uma ópera! No segundo acto, professores e alunos da turma de artes lançam mãos à obra, e envolvem-se num projecto escolar com todos os elementos essenciais de aprendizagem, onde não falta a investigação histórica que permite tecer uma narrativa do século XIX, com limpa-chaminés.
Para retratar a relação irreverente entre alunos e o ambiente de uma escola contemporânea, o encenador Paulo Matos acredita que é preciso utilizar uma linguagem actual, onde também cabe um vocabulário muitas vezes estranho aos adultos. Foi por isso que não abdicou de incluir nos diálogos da peça de teatro alguma linguagem vernacular, o calão. A pesquisa de expressões correntes entre os mais jovens fê-la com a ajuda dos seus filhos adolescentes, de 13 e 16 anos, e dos seus amigos, que criticam os aspectos que se afastam mais da realidade escolar. Paulo Matos salienta o bom resultado desta colaboração, através da reacção positiva das crianças seleccionadas para interpretar as personagens juvenis deste espectáculo: Na primeira reunião que tivemos, li com eles os textos e reconheceram-se imenso, diz o encenador com satisfação. No entanto, recusa qualquer aproximação à superficialidade e à forma de abordar as questões que caracterizam as séries de televisão dirigidas aos adolescentes: É preciso que daí nasça uma reflexão, o que não costuma acontecer nesse registo. Aqui estamos a desenhar uma alternativa, que é a escola construir um projecto artístico.

Na primeira parte do espectáculo, vemos o projecto escolar a nascer e a cada uma das personagens da primeira parte, alunos e professores, caberá um papel na ópera. Vamos assistir à organização e à estruturação desse projecto e depois a todas as fases de construção de um espectáculo: a criação de um libreto com os alunos (com o professor de Português), a composição da ópera (com o professor de Informática, que é o próprio maestro, Osvaldo Ferreira), a escolha dos solistas, a chegada dos músicos da orquestra, os primeiros ensaios musicais com o coro, a concepção dos cenários e dos figurinos (com a professora de Design), os primeiros desenhos e a sua construção. Há elementos de cenografia que serão finalizados em cena, revela o encenador. Até que finalmente tudo fica instalado e começa o verdadeiro espectáculo.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Opera Premium em Albufeira











"Depois da cerimónia de apresentação, deu-se início ao arranque oficial do ‘Albufeira Anima’, com um grandioso concerto de ópera. Algumas das óperas de maior sucesso da história –‘Rigolletto’, ‘La Bohéme’ ou ‘O Barbeiro de Sevilha’ foram apresentadas no espectáculo ‘Ópera Premium’, no Largo dos Paços do Concelho. Os maiores compositores mundiais fizeram-se ouvir através das vozes de Mário Alves, Luís Rodrigues e Sónia Alcobaça, expoentes máximos da ópera portuguesa. A acompanhá-los esteve a Orquestra do Norte, dirigida pelo maestro Ferreira Lobo. No final do espectáculo, a plateia, de pé, evidenciou o seu agrado pelo excelente serão, passado ao som de um dos géneros artísticos mais completos."

in Algarve Digital

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Albufeira Anima abre com Ópera Premium



O programa Albufeira Anima arranca com concerto de luxo. No dia 6 de Junho, o Largo dos Paços do Concelho vai acolher, pelas 22H00 a exibição da Ópera Premium. Um espectáculo musical a cargo da Orquestra do Norte com a interpretação de algumas das maiores óperas de sucesso internacional.
O público vai poder assistir a excertos de famosas óperas de alguns dos mais notáveis compositores. Um espectáculo acompanhado pela voz de Sónia Alcobaça (soprano), Luís Rodrigues (barítono) e Mário Alves (tenor).
Este é um concerto que irá oferecer à assistência extractos de O Barbeiro de Sevilha, do compositor Gioachino Rossini e da conceituada La Bohème, de Giacomo Puccini. Uma noite diferente marcada também pela interpretação de excertos de Rigoletto, do compositor italiano Giuseppe Verdi e Don Giovanni de Wolfgang Amadeus Mozart.


in Canal do Sul