sexta-feira, 16 de abril de 2010

Dias da Música em Belém - As paixões da alma



Concerto de Encerramento
25 de Abril, 2010
Grande Auditório, 21h


Beethoven - Sinfonia nº9

Intérpretes:

Sónia Alcobaça, soprano
Paz Martinez, contralto
Mário Alves, tenor
Alfredo García, barítono

Coro Sinfónico Lisboa Cantat
Jorge Alves, direcção do côro

Orquestra Sinfónica Metropolitana de Lisboa

Cesário Costa, direcção

Nota: Transmitido em directo pela Antena 2.

domingo, 11 de abril de 2010

"Os mortos viajam de metro" - Imprensa

(Sandra Medeiros e Sónia Alcobaça)

Suicidas no subterrâneo

Com apenas 27 anos, Hugo Ribeiro escreveu “Os Mortos Viajam de Metro”, ópera policial com estreia hoje no São Luiz, em Lisboa. Virginia Woolf, Sarah Kane, Florbela Espanca e Sylvia Plath numa estação desactivada, e Agatha Christie atrás delas. É um mistério, e promete agitar as almas. Mas não se assuste: pode perfeitamente ir de metro.


Teatro Municipal São Luiz? É meter-se na linha azul ou na linha verde e sair na estação Baixa-Chiado. Não há que ter medo do título provocatório da primeira grande ópera de Hugo Ribeiro, “Os Mortos Viajam de Metro”. O título, de resto, talvez devesse estar antes no feminino, “mortas”. É que as personagens desta ópera são todas mulheres. Mulheres que se suicidaram. E não mulheres quaisquer - Virginia Woolf, Sarah Kane, Florbela Espanca e Sylvia Plath, todas escritoras que ficaram para a História, às quais há que somar uma jovem suicida de identidade desconhecida (aqui há mistério) e ainda Agatha Christie, a famosíssima autora de romances policiais, para resolver o enigma. Qual enigma? Para o encenador Paulo Matos, a questão central é saber ali “quem está no seu lugar e quem está fora dele” (é um jogo entre o palco e a vida). Quem é afinal a outra mulher suicida? E qual é o verdadeiro lugar dos mortos? Tem alguma pista? O mistério mete-se por questões sérias e subterrâneas, mas sem perder “uma dimensão paródica e um certo humor negro”, como nos diz o dramaturgo e agora também libretista Armando Nascimento Rosa. De metro então, em direcção a “uma séria e lírica paródia que dá voz a ícones femininos, habitantes do nosso consciente colectivo”.

Uma ópera que de facto começasse


“Os Mortos Viajam de Metro” é a primeira ópera de Hugo Ribeiro. Ou melhor, a segunda, já que foi graças à criação de uma pequena ópera vencedora do concurso Ópera em Criação 2008 no São Luiz, “As Duas Mulheres de Freud”, que o jovem compositor ganhou a oportunidade de fazer uma ópera de maiores dimensões, com direito, neste caso, a três apresentações (hoje, amanhã e domingo).
Tal como “As Duas Mulheres de Freud”, a segunda ópera de Hugo Ribeiro é um inquérito ao imaginário feminino. Mas à conversa com os três autores no Jardim de Inverno do São Luiz, na sequência de um ensaio, percebemos que é algo mais do que isso. Tratava-se de ir mais fundo na investigação das “ligações entre a criação poética e a pulsão de morte”, como explica o dramaturgo Nascimento Rosa. Do lado do compositor, havia também vontade de trabalhar as diferentes possibilidades dramáticas e musicais das vozes femininas, em busca de “uma sonoridade particular e de um universo sonoro a explorar”. Há qualquer coisa no registo vocal agudo que o estimula a desenvolver as suas ideias musicais, sublinha Hugo Ribeiro. O libretista Armando Nascimento Rosa pegou na ideia e escreveu um libreto que “tinha de começar com um suicídio de revólver”. Porquê? Porque “queria fazer uma ópera que de facto começasse”, diz o compositor. Queria uma forte tensão inicial, coisa que não via na maioria das óperas, e pensou que não havia nada melhor para criar essa tensão do que uma personagem com uma arma voltada contra si mesma. Estavam lançados os dados. Em vez de inventar suicídios, Armando Nascimento Rosa foi buscar “suicídios que já existem”, ligados pelo fio da escrita, da prosa (Virginia Woolf ) à poesia (Florbela Espanca, Sylvia Plath), passando pelo teatro (Sarah Kane). Mulheres que viveram tempos diferentes e que obrigaram a soluções musicais e cénicas diferenciadas, apesar de pisarem todas o mesmo palco.


(Sónia Alcobaça)


Como um policial

“Elas estão num lugar de passagem”, explica ao Ípsilon o encenador Paulo Matos, “mas é um lugar onde não estão bem, não estão felizes. É um lugar que não lhes dá paz, estão em conflito.” E é daí também que parte “uma certa melancolia” presente na ópera, mas ao mesmo tempo a caminho “de uma libertação”, diz. O encenador de “Os Mortos Viajam de Metro” tem larga experiência no teatro e na ópera, como actor, encenador e professor. Conhece portanto bem as dificuldades da ópera. Mas tirando o facto de “ser mais cara do que o teatro, normalmente”, o encenador considera que a ópera tem hoje “imensa popularidade”. “As pessoas procuram e gostam de ópera, mesmo da ópera contemporânea”, nota.
Nesta “ópera policial”, como lhe chama Nascimento Rosa, há uma personagem literária histórica que faz parte do enigma que é preciso desvendar. O nome de uma estação de metro dá uma pista, mas os três autores preferem não adiantar mais nada, para que todos nós, espectadores e espectadoras, sejamos também um pouco detectives. É uma estação terminal. Ou então apenas mais um lugar de passagem, como o próprio palco do São Luiz, que se transforma num limbo ou no próprio Hades, o reino subterrâneo dos mortos. Debaixo da terra, como anda o metropolitano. “É um espaço de angústia pelo qual estas personagens femininas se sentem atraídas”, diz Nascimento Rosa. Mas porque estão elas ali? Que fazem elas naquela estação abandonada? Há que ser paciente: o enigma só se resolve no fim, depois de um longo prelúdio e de um drama de um acto apenas, onde a morte e a escrita de cada uma delas se cruzarão conflituosamente. No elenco, um leque de cantoras com idades diferentes mas todas com experiência na ópera, a provar (se ainda fosse preciso) que não faltam vozes femininas disponíveis para a criação operática contemporânea: Madalena Boléo, Margarida Marecos, Raquel Alão, Sandra Medeiros, Sónia Alcobaça, Susana Teixeira, acompanhadas, graças à colaboração do Teatro Nacional de São Carlos nesta produção, pela Orquestra Sinfónica Portuguesa, aqui dirigida por João Paulo Santos, um maestro com larga experiência no campo da ópera.

Encomendas precisam-se


Aos três autores, compositor, libretista e encenador, junta-se assim o maestro, numa colaboração intensa que Paulo Matos considera tão nova como antiga: “Dialogámos muito acerca da encenação, e uma colaboração assim tem características renovadoras mas vem de uma longa tradição da ópera”. Nascimento Rosa, dramaturgo experimentado que aqui fez o seu primeiro libreto operático com estas dimensões, diz que a função de libretista é especial, e diferente da dramaturgia habitual: “É um papel medianeiro, que exige ir discutindo, negociando aquilo que pode habitar as palavras”.
Também para Hugo Ribeiro é a primeira ópera com este peso. Interessa-se pela ópera “desde os 14 ou 15 anos”, pouco depois do início dos seus estudos de música mais a sério. E assume que andou a beber de “vários estilos”. Agora, para compor “Os Mortos Viajam de Metro”, foi fazer uma investigação ainda mais exaustiva, que o levou de Monteverdi e dos inícios da ópera no século XVII à compositora finlandesa contemporânea Kaija Saarihao. Paulo Matos diz que hoje há muita gente interessada em compor e em encenar ópera, como mostram, segundo ele, as duas edições da Ópera em Criação, em que quase 20 compositores bastante jovens revelaram ousadas propostas de composição. Para Hugo Ribeiro, a ópera precisa urgentemente de encomendas directas dos teatros. É a melhor maneira de uma trabalhosa composição não ficar na gaveta. “Esta demorou um ano e meio a pensar, planear e compor”, diz, acrescentando que “os últimos seis meses foram de trabalho intenso, por vezes com 12, 14, 16 horas por dia”. Este enigmático “thriller” policial está agora pronto a inquietar os espectadores do São Luiz. Ópera de mulheres escritoras à espera de uma chave que as liberte daquela inóspita estação. Ópera de infernos e suicídios, de enigmas e detectives. Ópera de fantasmas e memórias subterrâneas. E não podemos dizer mais nada. Para descobrir o enigma é preciso ir ver, ouvir e decifrar o nome da estação desactivada, para perceber quem é afinal a jovem solitária que a todos assombra… Sem medos: é só uma viagem de metro.

Pedro Boléo,
in Ípsilon, Público - 09 de Abril de 2010


(Raquel Alão e Sónia Alcobaça)

Ribeiro: "Os mortos viajam de metro"

"(...) A excepção é Sónia Alcobaça (que aliás representa uma muito credível Sarah Kane)."
Jorge Calado
in Actual, Expresso - 17 de Abril de 2010

quinta-feira, 8 de abril de 2010

terça-feira, 6 de abril de 2010

Estreia: "Os mortos viajam de metro"


(Sandra Medeiros e Susana Teixeira)

(Madalena Boléo e Margarida Marecos)


(Raquel Alão e Sónia Alcobaça)

‘Os Mortos Viajam de Metro’ estreia dia 9


Ópera para seis mulheres suicidas no
Teatro Municipal São Luiz



O que têm em comum Florbela Espanca, Virginia Woolf, Sylvia Plath e Sarah Kane? São quatro escritoras que tiveram o mesmo fim: encontraram a morte às suas próprias mãos, quando decidiram que a vida já lhes bastava. ‘Os Mortos Viajam de Metro’, a ópera com que o jovem compositor Hugo Ribeiro (n. 1983) venceu a segunda edição do concurso ‘Ópera em Criação’, do Teatro Municipal São Luiz, versa sobre esta contradição: quantas vezes estão unidos, na mesma pessoa, a vontade de criar e de se auto-destruir?


O espectáculo fará a sua estreia absoluta no dia 9 de Abril, às 21h00, no Teatro S. Luiz - onde cumprirá uma curta série de récitas (até domingo) - e propõe-nos rever ainda Agatha Christie (outra escritora que, embora tenha falhado, também tentou o suicídio) e a recriação de uma das mais interessantes figuras femininas da dramaturgia mundial: a ‘Ofélia' de William Shakespeare.

Com libreto de Armando Nascimento Rosa e encenação de Paulo Matos, em cena conta-se a história de uma jovem que vemos em sucessivas tentativas de suicídio e a que um coro de grandes figuras históricas femininas acompanham, em reflexões sobre vida e morte, sobre o fim por todas desejado e nunca lamentado.

Num cenário sóbrio mas muito elegante e em belos figurinos de época (criações de Bruno Guerra), eis um espectáculo em que tudo funciona para o mesmo fim: o deleite dos sentidos.

A ópera de Hugo Ribeiro - que anteriormente viu criações suas serem tocadas na Gulbenkian e que em 2007 recebeu o 1º Prémio do Concurso de Composição da Póvoa do Varzim (na categoria de Orquestra) - oferece-se como uma peça musical coerente e apreensível no seu conjunto e encontrou em Paulo Matos um encenador competente e sensível, que soube sublinhar o que nela há de trágico e exaltante mas também o seu lado cómico.

O espectáculo, que dura pouco mais de uma hora, tem direcção musical de João Paulo Santos, à frente da Orquestra Sinfónica Portuguesa, e nele cantam Madalena Boléo, Margarida Marecos, Raquel Alão, Sandra Medeiros, Sónia Alcobaça e Susana Teixeira.

É para ver dias 9 e 10 às 21h00, dia 11 às 17h30. Para maiores de 16.


Ana Maria Ribeiro
in Correio da Manhã

sábado, 3 de abril de 2010

Temporada de Música da Casa de Ópera do Cabo Espichel



Cenas de Ópera para Soprano e Mezzo
Igreja do Castelo - 13 Março / 16:30


Sónia Alcobaça (soprano)
Laryssa Savchenko (mezzo-soprano)
Nuno Margarido Lopes (piano)


Programa

Piotr Ilitch Tchaikovsky (1840-1893) - A Dama de Espadas
Dueto Polina e Lisa
Ária de Polina
Ária de Lisa

Amilcare Ponchielli (1834-1886) - La Gioconda
Ária "Suicidio"

Vincenzo Bellini (1801-1835) - Norma
Ária "Casta Diva"

Giuseppe Verdi (1813-1901) - Aída
Cena e dueto de Aída e Amnéris do I Acto
Ária "Oh!Patria mia!"

Giuseppe Verdi - Don Carlo
Ária "O don fatale"

Giacomo Puccini (1858-1924) - Madama Butterfly
Ária "Un bel dì vedremo"
Dueto "Scuoti quella fronda"

Giacomo Puccini - La Rondine
Ária "Chi il bel sogno di Doretta"

Jacques Offenbach (1819-1880) - Les Contes d'Hoffmann
Dueto "Belle nuit"

Vincenzo Bellini - Norma
Dueto de Adalgisa e Norma



"O Crepúsculo dos Deuses" na RTP2

Transmissão da ópera "Die Götterdämmerung" de Wagner a partir das 20:06 deste Domingo de Páscoa (4 de Abril 2010), com interrupção às 22h e retoma às 22:32.